domingo, 5 de julho de 2009

Votar em quem, e porquê ?

A reorganização institucional da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, à semelhança das outras Faculdades do País, está na ordem do dia. Todavia, para nós que no momento actual representamos a mais antiga Escola Médica Portuguesa, o actual momento eleitoral representa uma responsabilidade muito acrescida, porque devemos ambicionar ser a referência nacional a que desde sempre tivemos direito.

Neste momento de reflexão deve por isso mover-nos, acima de tudo, um espírito de unidade e de partilha no sentido de ajudar a construir um presente e um futuro melhores. Não é difícil revermo-nos na bondade de muitos dos conteúdos programáticos de qualquer das listas concorrentes. Também não é questionável a dignidade e a competência dos signatários de ambas, muitos dos quais já deram provas bastante claras da sua dedicação, capacidade de trabalho, rigor e inteligência. No final, somos até porventura levados a questionar o que nos divide, e se porventura seria sempre impossível um consenso que nos deixaria, como Escola, provavelmente, fortalecidos. São questões que o acto eleitoral realisticamente decidirá, uma decisão que cabe a todos nós e que deverá ser primordialmente norteada, em meu entender, pelo princípio da confiança nas pessoas e depois nos programas. Depois, face à existência de duas listas, será melhor ter a mesma opção para todos os órgãos funcionais, evitando assim os “arranjos” pós-eleitorais de conveniência, que no final desvirtuam o princípio da separação dos programas que sustentaram cada candidatura.

Não obstante o esforço louvável de muitos responsáveis, os desafios que a nossa Faculdade enfrenta não são de hoje. Desde há muito que sentimos alguma perda de coesão e de auto-estima, a par dum afastamento progressivo da sociedade civil, a que se soma uma certa marginalização inconfessada por parte do poder político. Os novos paradigmas conjunturais, com mais e maior exigência nos domínios do ensino e da investigação, vêm imprimir a obrigação de uma dinâmica renovada, que permita relançar uma nova fase na vida da Escola. Uma Escola que respeitando-se a si própria, se faça sobretudo respeitar.

Por outro lado, é incontornável referir o papel fundamental da ligação da Faculdade de Medicina aos Hospitais da Universidade de Coimbra, numa verdadeira “simbiose” motora da razão de existir das duas Instituições, e orgulho incontestado da cidade de Coimbra. Acreditamos que nunca esteve em causa, mas há que aproximá-las mais e sobretudo melhor, consubstanciando uma verdadeira articulação entre assistência, ensino e investigação.

Mais do que programas confiemos nas pessoas, naquilo que sempre deram ao ensino, à investigação, e aos doentes. Confiemos no rigor, no respeito, na determinação. Confiemos também nalgum “engenho e arte” rumo ao futuro, apostando na renovação e nos objectivos de excelência, para a nossa Escola.

Por muitos motivos e na hora de decidir, estarei com a lista B e apoiarei o candidato Professor Doutor Carlos Oliveira, para o cargo de Director da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Rui Alves,Professor Auxiliar