segunda-feira, 6 de julho de 2009

Razões para dar apoio prévio a um candidato a Director da Faculdade

O manifesto que hoje nos foi enviado pela Lista A a defender o contrário peca em dois pontos fundamentais.
1. A escolha do dia 7 de Julho é, de facto, entre candidatos a Director da Faculdade e não entre a Lista A e a Lista B. O novo sistema de governo das Faculdades, cria o lugar de Director, praticamente com poderes ilimitados. Goste-se ou não se goste deste sistema, assim é que é. A partir de agora, o Director da Faculdade, não só exerce a sua autoridade sobre os processos administrativos da Escola, como também dirige os trabalhos do Conselho Científico e do Conselho Pedagógico. Tem, na Faculdade, poderes idênticos aos que o Reitor tem na Universidade. Todos sabemos o que significava e o que significa ainda o Senado e o que significa agora o Conselho Geral da Universidade. Não tenhamos dúvidas. O Reitor é cada vez mais a suprema autoridade da Universidade. É por essa razão que a Assembleia da Faculdade que agora vai ser eleita, e cujos poderes praticamente se esgotam com a nomeação e eventual “desnomeação” do Director da Faculdade, tem como principal impacto e consequência directa, exactamente à eleição do Director.
2. Sofismaticamente (o neologismo é apropriado), a Lista A justifica a sua posição de não apresentar um candidato à Direcção da Faculdade por considerar que não pode um qualquer eventual candidato indicar os componentes de uma assembleia que o fiscalizará. Eu não sei a que mundo pertencem os elementos da Lista A, mas não é isso que se passa no mundo real. Quando daqui a cerca de três meses os eleitores portugueses forem chamados às urnas para votar nas eleições legislativas, cada um estará a pensar não nos deputados mas no próximo Primeiro-ministro. Os deputados à Assembleia da República também serão os fiscalizadores do Governo, e portanto do Primeiro-ministro, que daí resultarão. E, no entanto, todos sabemos quem elabora a lista dos deputados e quem vai à frente dela.
Como posso eu, então, votar numa lista de que não sei exactamente a filosofia que vai utilizar quando tiver que escolher o Director da Faculdade? Apenas por uma declaração de princípios que entretanto divulgaram? Também a Lista B tem a sua. Esta é a minha única oportunidade de intervir neste processo. Depois de amanhã outros o farão por mim e nada do que digam hoje me assegura o que farão depois. Isto é, em vez dos 120 eleitores será a maioria da assembleia, talvez apenas oito, a eleger o Director. Ao contrário do que afirmam, o que está em causa são as pessoas e a sua competência. São estas que determinam a metodologia, são estas que determinam as políticas a seguir.
Não deixa de ser curioso que a Lista A tenha sentido a necessidade de se explicar na véspera da eleição. Como eu compreendo a sua angústia! Sente a falta de um líder. Entre os nomes que lá estão haveria alguns, mas ninguém quis pessoalmente assumir-se. E agora é demasiado tarde. Daqui não sairá nenhum candidato, dizem. Ora, eu não conheço nenhum movimento, nenhuma religião, nenhum programa político sem um líder. Como também não conheço nenhum líder político ou religioso sem um movimento, sem uma religião.
Mas este modo de estar condiz bem com o nosso dilema nacional, que resulta precisamente da falta de lideranças. Fortes e assumidas. Não me surpreenderia que mais tarde viessem a dizer que os programas dos dois candidatos não satisfazem, somos forçados a fazer o que não queríamos. Apresentar o nosso próprio candidato (há muito escolhido).
Gato escondido com rabo de fora…

Manuel J Antunes, Professor Catedrático