segunda-feira, 6 de julho de 2009

Caros Colegas, Senhores Investigadores, Alunos e Senhores Funcionários

Ao assumir a liderança de um projecto de candidatura à Direcção da Faculdade de Medicina, integrando a lista B, fi-lo de livre vontade e com o intuito único de servir a Escola a que me dedico há mais de 40 anos, sem qualquer outro interesse. Não pretendo posteriormente candidatar-me a qualquer outro cargo, quer seja no âmbito da Universidade, quer seja no exterior.
Já vos manifestei a minha postura face a este processo eleitoral e qual o meu entendimento. Não pretendi dividir a nossa Faculdade e tudo fiz para que pudesse haver uma só lista. Não foi isso o que aconteceu e respeito todas as opções.
Amanhã na votação para os órgãos da Faculdade só existem duas alternativas: (1)Quem entende que devo assumir a Direcção da Faculdade deverá votar na lista B para a Assembleia da Faculdade; (2) Quem entende que não se deve imiscuir nessa escolha e deixar a outros tal responsabilidade poderá votar na lista A.
Desde já assumo perante todos que, se for eleito Director da Faculdade, levarei por diante o meu programa com a colaboração de TODOS os docentes, investigadores, alunos e funcionários.
Em toda a minha carreira profissional liderei grupos. Estou disponível para o continuar a fazer.
Que cada um escolha amanhã aquela que lhe parece ser a melhor solução para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Saudações Académicas

Carlos Freire de Oliveira

Texto de Opinião Prof. Agostinho Almeida Santos (publicado n'As Beiras, 6/07/2009)

ENSINO MÉDICO E MEDICINA DO FUTURO



Há muito tempo que não escrevia um artigo de opinião. Que ousei publicar, semanalmente, há anos atrás. A razão desta ausência das páginas dos periódicos foi dupla. Primeiro, não tinha tempo. Ultimamente, não me apetecia.

Achei que era agora tempo de pegar outra vez na pena. Justamente por ter pena. Do estado a que se chegou no ensino universitário. Particularmente, o ensino da Medicina.

Reforma atrás de reforma! Estatutos e mais estatutos! Regulamentos sobre regulamentos!

E a qualidade? E o sucesso? E a preparação dos estudantes para as incontornáveis exigências da futura profissão?

Tudo parece estar assegurado.

Entram nas Faculdades de Medicina os estudantes mais bem classificados no ensino secundário. Mas serão os melhores? Quem avalia a vocação, o perfil psicológico, a capacidade de comunicação e até a destreza na resposta a situações inesperadas? NINGUÉM!

O “numerus clausus” aparentemente é muito severo. O que cria angústias, desilusões e desalentos.

O contigente de estudantes que o poder político autoriza a cursar Medicina em cada ano que passa é progressivamente crescente. A raiar o inadmissível. Porquê? Invoca-se a falta de médicos no País. Será verdade? Que estudos demonstram um ratio médico/habitantes inadequado em Portugal? Nenhum! O que está em causa, isso sim, é uma incorrecta distribuição geográfica. Por culpa de decisões políticas! Que permitem uma concentração injustificada e inadmissível de médicos nos grandes centros e nas grandes comunidades hospitalares.

Por força destas mediatizadas razões, o curso de Medicina tem em cada ano de escolaridade um número excessivo de estudantes, distribuídos por turmas pletóricas, resultantes de uma simultânea escassez de docentes. Por falta de verbas para ajustado recrutamento de professores universitários.

A qualidade pedagógica vê-se, nas circunstâncias, afectada. O ensino é teorizado. Os estudantes não contactam com pacientes. A relação interpessoal não existe. As avaliações de conhecimentos são adaptadas a procedimentos docimológicos centrados em respostas de escolha múltipla ou na selecção de proposições teóricas identificáveis como verdadeiras ou falsas. O desagrado é generalizado. A insatisfação manifesta. As injustiças podem acontecer. Os professores mais exigentes são postos em causa. Ainda por cima não é possível e desejável a avaliação contínua.

Os hospitais universitários ou centros hospitalares universitários pouco mais são do que nomenclatura. Com a recente empreserialização das instituições onde se deve ministrar o ensino da Medicina e a progressiva contenção orçamental, a aprendizagem na área das ciências da saúde envereda para uma via economicista, aliada a crescente desmotivação de profissionais que até gostam de ensinar.

O “milagroso” processo de Bolonha veio agravar ainda mais a situação. O licenciado em Medicina virou mestre, à custa de um trabalho escrito de fim de curso com o qual quase ninguém está de acordo. As adaptações dos créditos escolares às normas europeias vieram criar desconformidades nalgumas unidades curriculares destituídas de pendor globalizante e universalista. A pulverização de áreas de conhecimento excessivamente especializadas fizeram perder a visão generalista que deve presidir à formação médica pré-graduada.

Acresce que terminados os estudos universitários e assumida a responsabilidade da prática clínica ninguém se preocupa em conhecer o grau de satisfação dos profissionais formados na escola médica, as dificuldades encontradas no exercício da actividade assistencial quotidiana, os êxitos ou fracassos resultantes da preparação ministrada e dos conhecimentos adquiridos.

Urge, pois, protagonizar a mudança. Que tão apregoada é, mas que tarda em ver-se traduzida por reais progressos.

Os órgãos de decisão da Faculdade de Medicina têm de analisar muito bem a situação actual. Não para implementar uma nova reforma ou estabelecer um qualquer outro regulamento. Mas, para com experiência, coragem, determinação e sentido de responsabilidade auscultar os principais protagonistas do cenário actual e com todos eles estabelecer objectivos claros e desenvolver estratégias adequadas a uma formação correcta dos desejáveis futuros médicos. Será com eles que se há - de constituir, depois, a rede operacional de um sistema de saúde ao serviço dos cidadãos e, sobretudo, dos doentes e da qualidade da assistência que lhes é devida.

E nesta imperativa tarefa não se podem descurar determinantes que são já de hoje e que serão ainda mais ingentes amanhã. As alterações demográficas já evidentes, as novas e sofisticadas tecnologias ao serviço da Medicina, os elevados e incomportáveis custos financeiros dos modernos cuidados médicos em detrimento do raciocínio clínico, os comportamentos deontológicos conformes a princípios éticos universais, a vulnerabilidade e o criticismo de práticas e atitudes clínicas, a permanente vigilância colectiva do exercício da actividade médica são factores que têm de merecer toda a atenção por parte dos decisores das escolas médicas. No sentido de adequar as estratégias pedagógicas universitárias às necessidades e às aspirações dos cidadãos e impedir as demagogias políticas.

A Medicina de ontem, de cariz curativo e preventivo, já se transformou em Medicina preditiva e regenerativa. A transição para novos paradigmas das ciências da vida é irreversível. E os estudantes de Medicina de hoje serão os profissionais destas novas atitudes de amanhã. Numa sociedade que cada vez está mais atenta ao progresso e vigilante às práticas.

Esta a enorme responsabilidade daqueles que agora assumem o poder de decidir.

Na senda de um futuro que seja melhor, mais digno e justo e mais promissor.

Agostinho Almeida Santos

Razões para dar apoio prévio a um candidato a Director da Faculdade

O manifesto que hoje nos foi enviado pela Lista A a defender o contrário peca em dois pontos fundamentais.
1. A escolha do dia 7 de Julho é, de facto, entre candidatos a Director da Faculdade e não entre a Lista A e a Lista B. O novo sistema de governo das Faculdades, cria o lugar de Director, praticamente com poderes ilimitados. Goste-se ou não se goste deste sistema, assim é que é. A partir de agora, o Director da Faculdade, não só exerce a sua autoridade sobre os processos administrativos da Escola, como também dirige os trabalhos do Conselho Científico e do Conselho Pedagógico. Tem, na Faculdade, poderes idênticos aos que o Reitor tem na Universidade. Todos sabemos o que significava e o que significa ainda o Senado e o que significa agora o Conselho Geral da Universidade. Não tenhamos dúvidas. O Reitor é cada vez mais a suprema autoridade da Universidade. É por essa razão que a Assembleia da Faculdade que agora vai ser eleita, e cujos poderes praticamente se esgotam com a nomeação e eventual “desnomeação” do Director da Faculdade, tem como principal impacto e consequência directa, exactamente à eleição do Director.
2. Sofismaticamente (o neologismo é apropriado), a Lista A justifica a sua posição de não apresentar um candidato à Direcção da Faculdade por considerar que não pode um qualquer eventual candidato indicar os componentes de uma assembleia que o fiscalizará. Eu não sei a que mundo pertencem os elementos da Lista A, mas não é isso que se passa no mundo real. Quando daqui a cerca de três meses os eleitores portugueses forem chamados às urnas para votar nas eleições legislativas, cada um estará a pensar não nos deputados mas no próximo Primeiro-ministro. Os deputados à Assembleia da República também serão os fiscalizadores do Governo, e portanto do Primeiro-ministro, que daí resultarão. E, no entanto, todos sabemos quem elabora a lista dos deputados e quem vai à frente dela.
Como posso eu, então, votar numa lista de que não sei exactamente a filosofia que vai utilizar quando tiver que escolher o Director da Faculdade? Apenas por uma declaração de princípios que entretanto divulgaram? Também a Lista B tem a sua. Esta é a minha única oportunidade de intervir neste processo. Depois de amanhã outros o farão por mim e nada do que digam hoje me assegura o que farão depois. Isto é, em vez dos 120 eleitores será a maioria da assembleia, talvez apenas oito, a eleger o Director. Ao contrário do que afirmam, o que está em causa são as pessoas e a sua competência. São estas que determinam a metodologia, são estas que determinam as políticas a seguir.
Não deixa de ser curioso que a Lista A tenha sentido a necessidade de se explicar na véspera da eleição. Como eu compreendo a sua angústia! Sente a falta de um líder. Entre os nomes que lá estão haveria alguns, mas ninguém quis pessoalmente assumir-se. E agora é demasiado tarde. Daqui não sairá nenhum candidato, dizem. Ora, eu não conheço nenhum movimento, nenhuma religião, nenhum programa político sem um líder. Como também não conheço nenhum líder político ou religioso sem um movimento, sem uma religião.
Mas este modo de estar condiz bem com o nosso dilema nacional, que resulta precisamente da falta de lideranças. Fortes e assumidas. Não me surpreenderia que mais tarde viessem a dizer que os programas dos dois candidatos não satisfazem, somos forçados a fazer o que não queríamos. Apresentar o nosso próprio candidato (há muito escolhido).
Gato escondido com rabo de fora…

Manuel J Antunes, Professor Catedrático

Integro a lista B, porque me identifico com o projecto e o programa

Conheci o Senhor Professor Doutor Carlos Oliveira quando ainda era aluno da Faculdade de Medicina. Tive a oportunidade, no início dos anos noventa, de participar no Conselho Directivo, cuja equipa era também integrada pelo Senhor Professor. Foi para mim uma experiência muito enriquecedora, que me permitiu conhecer melhor o seu perfil humano e universitário. Decorriam, então, tempos difíceis, com uma situação financeira complicada. Durante dois anos, pude observar uma gestão eficiente dos escassos recursos existentes e uma capacidade extraordinária para lidar com conflitos. Desde então, o Senhor Professor Doutor Carlos Oliveira passou a ser para mim uma referência, a que se juntou a grata situação de sentir da sua parte a amizade.
Quando o Senhor Professor me convidou para integrar a sua lista, só tinha que me sentir honrado. Verifiquei que, na verdade, havia um projecto e um programa agregador e construído de forma coerente, que tinha um líder de grande experiência e capaz de gerir situações difíceis, com muitas provas dadas.
Integro a lista B, porque me identifico com o projecto e o programa, porque encontro na equipa colegas em quem confio e porque o líder, Professor Doutor Carlos Oliveira, merece toda a minha confiança como clínico, como docente, como investigador, como universitário e como Homem.

António Manuel Silvério Cabrita, Professor auxiliar da Faculdade de Medicina

O apoio da lista B ao candidato a Director é errado?

A lista A é um projecto candidato a todos os órgãos de gestão da FMUC que defende não assumir "o apoio a qualquer candidato ao cargo de director porque só desta forma poderá este órgão actuar com isenção, transparência e imparcialidade nas principais funções que lhe competem nos termos dos estatutos da FMUC" (Diário de Coimbra 30/06/09).
Esta interpretação dos estatutos é limitada e condicionadora, contendo em si alguma contradição. Vejamos porquê analisando um cenário possível para a actual situação: os promotores da lista A elaboraram um projecto de futuro para a escola; escolhidos os elementos das listas aos diferentes órgãos conseguiam, nas eleições, vantagem confortável na Assembleia da Faculdade. Os candidatos a Director, como o Prof. Carlos Oliveira, iriam então elaborar os seus planos de acção. Além de segundo os Estatutos da FMUC se terem de "enquadrar nas linhas de orientação estratégica definidas pela Universidade", o plano de acção iria ser condicionado pelo projecto da maioria da Assembleia de Faculdade, porque só assim assegurava a respectiva
eleição. Deste modo verificava-se uma inversão do estabelecido nos Estatutos, e ao invés de ser o Director a propor um programa de acção para a Assembleia aprovar, era a lista maioritária da Assembleia que condicionava o programa de acção do Director.
A declaração das linhas programáticas do Prof. Carlos Oliveira como candidato a Director da FMUC permite que a lista B se pronuncie sobre as afinidades ao seu programa e, o colégio eleitoral, tenha possibilidade de escolher em consciência a Assembleia. Esta deverá depois, vigiar e exigir o cumprimento do programa apresentado.
Salvo melhor e douta opinião, esta é para mim a essência democrática e a transparência de processos.

Rui Marques dos Santos, Professor Auxiliar com agregação

A Faculdade de Medicina, as eleições e os eleitores

A Faculdade de Medicina, atravessa momentos em que se torna imperioso realizar tarefas inadiáveis, tarefas essas que abrangem todas as suas componentes. Torna-se imperioso unir todo o corpo docente, investigadores, alunos e funcionários e mobilizá-los na defesa da sua Instituição. Há que rever os estatutos, reformar o ensino, evoluir no sentido de um ensino pedagógica e cientificamente adaptado á realidade actual da Escola projectando-o para o futuro, estruturar de forma coordenada a investigação, e acima de tudo não perder mais tempo e mais oportunidades adiando o inadiável.

É necessário projectar um Centro Universitário capaz de oferecer todas as valências e todas as componentes assistenciais, desde os cuidados básicos aos hospitalares e aos geriátricos, continuados e paliativos. Os médicos do amanhã deverão ter orgulho em dizer: eu formei-me em Coimbra!!!!

Todos nós devemos ser chamados a tais tarefas.

O primeiro apelo: Vote dia 7, não deixe de participar na mudança.

As eleições, deveriam ter sido aproveitadas para constituir uma frente única que unindo a Escola, levasse a uma reflexão profunda dos caminhos para a mudança. Tal não foi possivel. Surgem duas listas, divergindo na interpretação da letra do regimento da Faculdade. Quer a defesa da não indicação prévia de um candidato a Director, quer a sua indicação prévia, são perfeitamente legitimas e legais.

Os eleitores, devem interrogar-se se ter ou não um candidato previamente conhecido e vinculado ao seu programa, e apoiado por uma equipa, que não se eximindo dos seus deveres de fiscalização, e actuação dentro do previsto no regimento, é mais transparente e seguro, do que ter uma lista sem candidato assumido, pedindo o seu voto, como um cheque em branco para um futuro e uma actuação, que pode vir posteriormente a impedir consensos e manietar a acção do Director da Escola.

Razões de uma opção

Tendo em atenção o anteriormente referido, analisando a diversidade patenteada pela LISTA B, nos nomes propostos para todos os orgãos da Faculdade, abrangendo em locais elegiveis: representantes de todos os graus da carreira docente, não menorizando a Medicina Dentária, realçando participação dos investigadores, e apresentando elementos com provas dadas na maioria dos cargos a que se submetem a sufragio, a minha opção estava definida.

A inclusão do Professor Carlos de Oliveira como candidato a Director apoiado por esta lista, constituí um factor adicional e de importante peso na decisão do meu apoio.

Tenho previligiado nos últimos anos de um contacto de trabalho com o Professor Carlos de Oliveira, quer na CIMAGO, quer na Comissão Oncológica dos HUC, que me permitiram observar in loco as suas múltiplas qualidades de médico, de académico, mas ACIMA DE TUDO DE GERADOR DE CONSENSOS, DE LUTADOR E TRABALHADOR INCANSÁVEL E DE HOMEM VERTICAL.

O Professor Carlos de Oliveira tem uma carreira que fala por si e não precisa de demonstrar nada a ninguém. Tem todas as condições para ser Director da Faculdade de Medicina e Director de todos os da e na Faculdade.

A sua postura negocial nestes momentos conturbados que vivemos, encontra-se reforçada pelo seu percurso anterior e pelo facto, de ao encontrar-se na fase final de uma longa carreira, não precisar de pedir ou ficar a dever nada, a não ser defender, lutar e mudar a Faculdade.

Diria mais, a Faculdade virá a ser no futuro, também uma herança das suas qualidades passadas e presentes.

Por isto, não tenho dúvidas.

Aos eleitores caberá com o seu voto assegurar a mudança, exigentes na excelência.

José Casanova