terça-feira, 30 de junho de 2009

EXIGÊNCIAS DE UMA CANDIDATURA

Os tempos actuais são de crise mas propícios a mudanças.

Também a Universidade não tem sido alheia a conflitos sejam económicos ou sociais, culturais ou políticos.

Embora as instituições seculares devessem saber preservar-se das turbulências que afectam a sua desejável estabilidade, vivemos um período de profundas alterações no governo das agremiações universitárias. Leis controversas, regulamentos questionáveis, modelos de gestão diferentes são outros tantos imperativos de um futuro de incógnitas.

Importa agora, e face a este presente, preparar os caminhos do futuro na esperança de melhores oportunidades para dignificação da comunidade universitária e progresso da sociedade que a sustenta.

A Faculdade de Medicina de Coimbra vai ter de sufragar novos corpos dirigentes com radicais diferenças no modelo de gestão, mas com melhores propósitos na prossecução dos seus desígnios.

Porém, a Faculdade de Medicina de Coimbra vive dias conturbados no seu relacionamento com a unidade de ensino clínico que sempre foi e queremos que continue a ser a sua. Por direito próprio! Mas também para honra do próprio nome de secular tradição!

Os Hospitais da Universidade de Coimbra, por força de enquadramentos políticos e na senda de projectos pouco consentâneos com a realidade que sempre os enalteceram, viraram empresa e subalternizaram o ensino universitário, despromovendo professores com carreiras docentes e craveiras profissionais reconhecidas e chanceladas pelos seus pares.

Importa, por tudo isto, agir, neste momento, com eficácia, mudando o que é preciso mudar, assumindo firmeza nas decisões, quer perante o poder político, quer face a forças obstaculizadoras.

Nas circunstâncias, um grupo de professores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra decidiu intervir para agir com determinação, propondo-se:

  1. Reformular o futuro do ensino universitário médico com pragmatismo, centrado num passado que não nos envergonha e adaptando as formas de intervenção a paradigmas em que nos reconhecemos, mas que não nos obriguem a modelos que quase ninguém aceita;
  2. Preparar as estruturas pedagógicas para um ensino moderno da Medicina do próximo futuro, que pouco tem a ver com um passado já ultrapassado pelas conquistas da modernidade;
  3. Defender relações inter-institucionais fortalecidas pela nobreza que deve ser timbre do ensino universitário pré e pós-graduado, sem deixar que processos desvirtuados subalternizem a ingente tarefa de ensinar futuras gerações de profissionais competentes nas áreas das ciências da vida;
  4. Incentivar o diálogo e a interdisciplinaridade entre docentes e investigadores com o propósito do desenvolvimento de uma investigação de excelência.
  5. Lutar pela dignificação da condição de professor universitário hospitalar que tem de ser apanágio de qualidades científicas, técnicas e humanas e centro do processo de aprendizagem clínica dos estudantes de Medicina.

Por todas estas e outras razões de clara oposição aos modelos que nos querem impor, apresentamos uma candidatura aos órgãos de gestão da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, a qual desejamos exigente, mas não queremos que deixe de pugnar por exigências realistas e coerentes.

Para alcançar tais desígnios, entendem os subscritores transmitir ao Professor Doutor Carlos Freire de Oliveira a sua total confiança para encabeçar e liderar acções e propósitos agora aqui enunciados.